quarta-feira, 7 de abril de 2010

01

Antigamente tinha tantos pensamentos. Se mantêm aqui, porém não consigo ouvi-los. Estariam realmente aqui? Sinto falta, companheiro constante em noites frias e solitárias. Preenchia meu vazio com seu próprio silencio, tão cheio do que dizer. Iluminado pelo som de estrelas distantes, sempre a me acompanhar. Há tempo não converso mais. Agora, tenho outros com quem conversar. Tenho imagem a zelar, passei de fase. Mas, de que adianta, se o coração permanece? Pela primeira vez de um escritor, pego o primeiro rascunho e lápis para escrever, sem pensar. Seria isso um sinal o companheiro oculto querendo se revelar uma vez mais em seu silencio aconchegante e agradável? Se bem-vindo de volta, meu amigo, senti sua falta. As coisas mudaram um pouco por aqui, mas meu interior se manteve congelado desde sua partira, para dentro de meus esconderijos ao me tornar alguém para outro alguém, mostrar-me ao mundo. Seja bem-vindo, meu amigo, pois não quero mais lhe deixar, e temos muito trabalho a fazer. Por onde devemos começar?

Ah, sim! Esse já foi um belo recomeço.


Seja bem-vindo.

02

Não quero que vá embora. Esses poucos anos rebatem como uma vida, como se o tempo tivesse coberto de rachaduras e daninhas uma relíquia há tempo esquecida. Sinto-o esvair, mas não quero que se vá. Sinto como se estivesse novamente digno de sua presença, e minha euforia cresce silenciosamente dentro de meu peito, manifestando-se através dos movimentos que formam essas palavras, que serão tão confusas e sem sentidos aos outros. Quem sabe, seria outro teste para mostra-me merecedor de ti. Lobo solitário, não é mesmo? Porque não sinto como se minhas habilidades e conhecimentos estivessem sendo utilizados, aproveitados? Há algo errado, de certo. E sinto que partiu novamente, mas apenas por um momento. Uma dor no lado esquerdo revela-me que está acordado, apenas sonolento de um descanso lerdo e inútil.